sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

“Vai passar nessa avenida um samba popular...”


Falta pouco mais que 1 semana para o Carnaval, a festa da carne e da alegria exagerada, quando quase todos deixam em casa suas máscaras de pessoas normais e responsáveis para se entregar aos desfrutes dos confetes, serpentinas e purpurinas, pulando, de almas nuas, pelos blocos, clubes e escolas de samba da cidade. Mesmo aqueles que não curtem muito o calor e a agitação, certamente, assistirão aos desfiles da "primeira divisão" das escolas pela televisão, vestindo, mesmo que por um breve momento e apenas em pensamento, suas mais escondidas fantasias.


E é assim, farreando e brincando, que todos esquecem, por 4 dias, os problemas, mazelas e decepções de suas vidas, as contas, as dívidas, o buraco da rua que há mais de 3 semanas espera reparos, a lâmpada apagada do poste cujos fios foram roubados. Num Scotch Whisky 15 Anos, ao som de uma marchinha em Copacabana, ou numa pinga de boteco ao batuque de um pagode em Anchieta, cada um afoga suas lástimas a fim de esquecer tudo que tira seu sono durante o ano.


No Carnaval, todos viram iguais. Finalmente há a uniformidade de pensamento, de objetivo. Todos querem fanfarrear. Todos querem cantar. Todos querem pular. Todos querem ser o que não podem. E é nessa festa que o conseguem, sem que lhes lancem olhares de reprovação, porque ali, tudo é mágico, tudo é bom, tudo é engraçado, tudo é ridículo, tudo é ilusão. Ilusão carnavalesca. É ali, no bloco, na rua, na praça, que cada um assume o que realmente é, ou o que não é, o que lhe dá na telha. O pai de família vira a noiva, a menina vira a melindrosa, a chapeuzinho corre atrás do lobo-mau, o bobo vira rei.


Por isso o Carnaval é bonito ou, no mínimo, interessante. Ao mesmo tempo que se é enganado e engana-se os outros, é-se livre e ganha-se o direito de ter o mundo por 4 dias. Os outros 361 não existem, vão a escanteio. “Depois a gente resolve”. Talvez esses curtos e tão esperados 4 dias sejam os únicos de verdadeira “paz” do brasileiro. Pois que venha o Carnaval, e que, pelo menos até a quarta-feira, lança-perfumes perdurem no ar felicidade e ilusão para o povo, antes de tudo virar cinzas.


“Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral vai passar!”


|Desenhos copiados de um livro de fotografia (Brasil - Marcel Isy-Schwart)... não lembro de quando...|

Um comentário:

Amigos disse...

DUCARALHOOSDESENHOS!!!